Centro Hospitalar de Leiria cria Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência
Especialidade médica atua na área da saúde mental dirigida à população mais jovem
O Centro Hospitalar de Leiria criou o Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, a funcionar a partir de hoje, 1 de fevereiro, que visa a prestação de cuidados e intervenções diferenciadas na área da saúde mental à população de idade pediátrica, até aos 18 anos. «Esta é mais uma área de especialidade médica que disponibilizamos aos nossos utentes, considerando as necessidades específicas e crescentes da população mais jovem da nossa área de influência. Continuamos a apostar no reforço das funções assistenciais diferenciadas, um eixo fulcral na nossa estratégia de crescimento», salienta Licínio de Carvalho, presidente do Conselho de Administração do CHL.
O novo Serviço é constituído por três médicas pedopsiquiatras e uma psicóloga clínica, e o seu campo de intervenção abrange um espectro alargado de atividades que englobam: ações de promoção e prevenção no âmbito da saúde mental, estratégias de prevenção e intervenção precoce, para casos com os primeiros sinais de perturbação, bem como avaliação diagnóstica e tratamento, para aqueles que já apresentam uma perturbação definida. Toda a intervenção centra-se na esfera individual e/ou familiar, em articulação com outras especialidades médicas e não médicas nas áreas da saúde e educação. O novo serviço dará resposta aos doentes no Hospital de Santo André (HSA), no Hospital Distrital de Pombal (HDP) e no Hospital de Alcobaça Bernardino Lopes de Oliveira (HABLO), sempre em regime de ambulatório.
O Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência inclui a consulta externa, o apoio ao internamento pediátrico, a colaboração com os Tribunais e Núcleo Hospitalar de Crianças e Jovens em risco. «Estamos ainda a desenvolver um projeto com a comunidade que contempla a articulação com os Cuidados de Saúde Primários, com a equipa de Saúde Escolar da Unidade de Cuidados à Comunidade do Centro de Saúde Arnaldo Sampaio, com o Centro de Respostas Integradas de Leiria, bem como com os psicólogos dos vários agrupamentos escolares da região. Pretendemos ainda implementar um programa de promoção da Saúde Mental em crianças e jovens, que inclua ações formativas nesta área dirigidas a várias entidades», descreve Graça Milheiro, diretora do novo Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência do CHL.
No CHL já existia a Unidade Funcional de Pedopsiquiatria, sob a Direção do Serviço de Pediatria, e que agora se autonomiza para dar lugar ao novo Serviço. O aumento considerável de pedidos de consulta, justificados por quadros de perturbações ansiosas e depressivas com risco de suicídio, perturbações graves do comportamento que põem em risco o próprio e os outros, os quadros de perturbações emocionais e comportamentais em contexto de famílias disfuncionais, as dificuldades escolares associadas a perturbação emocional/comportamental e o reforço dos recursos, especialmente médicos, na especialidade em causa, contribuiu para a necessidade do CHL dar uma resposta atempada e eficaz às crianças e adolescentes com patologias do foro mental.
«A Pedopsiquiatria existe como especialidade autónoma desde 1983 e, desde aí, tem sido cada vez mais reconhecida e interventiva, observando-se um crescimento exponencial do número de serviços de pedopsiquiatria a nível hospitalar, bem como do número de especialistas a nível nacional», explica Graça Milheiro. «A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 20% das crianças e adolescentes apresente, pelo menos, uma perturbação mental antes de atingir os 18 anos de idade, e sabe-se que existe uma continuidade da psicopatologia da infância e da adolescência para a vida adulta. Estes factos justificam a necessidade de intervenções no âmbito da saúde mental infantil e juvenil, no sentido de tratar precocemente as perturbações mentais para tentar diminuir as consequências negativas da psicopatologia a longo prazo.»
A nova diretora destaca ainda que «a criação deste Serviço, em tempo de pandemia, reveste-se de uma enorme pertinência. Embora a prioridade, no atual momento, seja a sobrevivência e as pessoas estejam focadas no “inimigo comum”, quando a pandemia passar as pessoas vão focar-se naquilo que sentem e, nessa altura, os pedidos de consulta de psiquiatria vão aumentar. Não podemos deixar o país cair numa crise económica, mas também não podemos deixar o país devastado emocionalmente». E remata: «assim, depois de controlada a pandemia, torna-se necessário não só a reconstrução da economia, como também a reconstrução das lesões humanas, a nível da família, dos amigos e das pessoas entre si.»
1 de fevereiro de 2021.
1 de fevereiro de 2021.