Jornadas da Unidade de Dor do CHLP traçam perfil da dor no distrito de Leiria
Leiria é sede das comemorações do Dia Nacional da Luta Contra a Dor
O Centro Hospitalar Leiria-Pombal (CHLP) vai organizar, nos próximos dias 18 e 19 de outubro, na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria, as II Jornadas Unidade de Dor (UniDor), que, em conjunto com os Agrupamentos de Centros de Saúde do Pinhal Litoral I e II, traçarão o perfil da dor no distrito de Leiria, através da apresentação de estudos de prevalência nos cuidados primários e hospitalares. O evento antecederá o 5.º Encontro Nacional das Unidades de Dor, uma organização da Associação Portuguesa do Estudo da Dor (APED), que este ano se realiza em Leiria, e as comemorações oficiais do Dia Nacional de Luta Contra a Dor, dia 19, pelas 17h30.
Além das Jornadas, a UniDor realizará, durante a Semana Nacional de Luta Contra a Dor, de 15 a 19 de outubro, várias iniciativas de sensibilização, nomeadamente um rastreio da Dor, que acontecerá no dia 16, terça-feira, entre as 09h00 e as 16h00, no átrio da Consulta Externa do Hospital de Santo André.
Maria do Carmo Rocha, diretora do Serviço de Anestesiologia e responsável pela Unidade de Dor do CHLP, explica que «a dor, na sua generalidade, interfere no bem-estar e nas necessidades fundamentais da pessoa, influenciando a sua qualidade de vida». Neste contexto, «as Jornadas da Unidade de Dor pretendem analisar a realidade dos cuidados em termos gerais, traçar estratégias de melhoria, e sensibilizar a população em geral para a importância de um acompanhamento próximo, não só dos utentes que sofrem de dor crónica, como dos utentes afetados pela dor aguda associada a diversas patologias», refere. A responsável adianta ainda que no evento «será traçado o perfil da prevalência da dor no distrito, e serão debatidas as melhores formas de lidar com este problema, e que passam inevitavelmente pela educação dos utentes crónicos e pela aposta contínua na formação dos profissionais de saúde no apoio psicológico de doentes e familiares».
As II Jornadas Unidade de Dor têm início no dia 18, pelas 15h00, com o painel “O tratamento da Dor na população do distrito de Leiria”, moderado por Maria do Carmo Rocha, que incluirá as perspetivas dos cuidados primários e dos cuidados hospitalares. A realidade dos cuidados primários será apresentada por Lourosa Mendes, médico da Unidade de Saúde Familiar Condestável, Batalha, com a “Dor crónica nos cuidados primários”; e Maria dos Anjos Dixe, da Escola Superior de Saúde, e Ana Cristina Campos, da Unidor do CHLP, apresentarão um “Estudo de prevalência da dor crónica nos cuidados primários na população do distrito de Leiria”.
No que respeita à realidade do CHLP, será apresentado o projeto “Hospital sem Dor”, abordando as várias iniciativas que a UniDor vem desenvolvendo neste âmbito. Eunice Silva, médica da UniDor, falará sobre a prevalência da Dor no CHLP; Elisabete Valente (também da UniDor), apresentará um estudo realizado com 500 doentes sobre a “Dor aguda no pós-operatório: realidade atual e trilhos do futuro”; e o enfermeiro da UniDor Sérgio Santos intervirá sobre o programa de formação “Elos da Dor”.
O segundo dia das Jornadas terá início pelas 09h00, e dará destaque à “Dor de cabeça: cefaleias e não só…”, no ano em que se assinala o Ano Internacional da Cefaleia. Sílvia Vaz Serra, médica da Unidade de Dor do Hospital dos Covões (do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra) modera o debate que conta com as intervenções de Alexandre Dionísio, neurologista do CHLP, que falará sobre a cefaleia na perspetiva da Neurologia, e Isabel Amado, cirurgiã maxilofacial, que falará sobre a “Dor orofacial: a abordagem da Cirurgia Maxilofacial”.
Pelas 10h45 terá início a palestra “Medicina de dor: implicações deontológicas nos novos modelos de Gestão de Saúde. Onde ficamos?”, moderada por Ana Cristina Mangas, médica da UniDor. Luís Agualusa, da Unidade de Dor da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, apresentará “O profissional da Unidade de Dor”; Licínio de Carvalho, vogal executivo do Conselho de Administração do CHLP, falará sobre “A visão do administrador, enquanto gestor de recursos”; e Maria de Belém Roseira, deputada da Assembleia da República, apresentará o “Contributo político, perspetiva do legislador”. A conferência “A ética na Dor”, pelo professor Vitor Coutinho, encerra as Jornadas, pelas 12h15 de dia 19, sexta-feira.
O 5.º Encontro das Unidades de Dor da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor tem início na tarde de 19 de outubro com diversos workshops e, pelas 17h30, decorrem as cerimónias oficiais que assinalam o Dia Nacional de Luta Contra a Dor. No sábado, dia 20 de outubro, os trabalhos decorrem entre as 09h00 e as 12h30.
A dor é um sintoma que acompanha, de forma transversal, a generalidade das situações patológicas que requerem cuidados de saúde. São inúmeras as causas que podem influenciar a existência e a intensidade da dor, sendo que esta pode ser classificada, de forma genérica, em dor crónica e aguda. Normalmente a dor aguda está associada à dor de início recente e com duração limitada. Por sua vez, a dor crónica é uma dor prolongada de difícil identificação causal, podendo gerar diversos estádios patológicos que causam graves consequências ao nível da qualidade de vida dos doentes.
A Unidade de Dor do Hospital de Santo André possui uma equipa multidisciplinar, que trabalha para proporcionar uma melhor qualidade de vida aos seus utentes com dor crónica e aguda. Durante o ano 2011 foram consultados cerca de 697 utentes totalizando 2.237 consultas. Cerca de 25% destas consultas foram feitas a doentes oncológicos, e as restantes 75% a doentes com dor não oncológica, onde se inclui a dor osteoarticular, nevralgias pós-herpéticas, status pós-cirurgias, fibromialgia, neuropatia diabética, lombalgia, doenças reumatismais, dor fantasma, entre outras.
Leiria, 11 de outubro de 2012