Jornadas do CHL discutem a prevenção do cancro e a investigação em saúde
As Jornadas do Centro Hospitalar de Leiria discutem nos dias 7 e 8 de maio a prevenção do cancro e a investigação em saúde, no âmbito da temática “Prevenir – Investigar – Partilhar”, no auditório do Hospital de Santo André, em Leiria. A antecipar o encontro científico, que reúne cerca de 300 profissionais de saúde, Joaquim Cabeças dinamiza no dia 6 de maio um workshop sobre “Psicodrama Moreniano – uma intervenção psicoterapêutica”, uma psicoterapia de grupo em que a representação dramática é usada como núcleo de abordagem e exploração da mente humana e dos seus vínculos emocionais.
«A realização do encontro contribui para a afirmação do Centro Hospitalar e da comunidade científica da região, permite a divulgação de trabalhos de investigação ou de aplicação prática desenvolvida pelos profissionais de saúde, e constitui ainda um meio de formação contínua, de debate e de actualização de novos temas», afirma Maria Fernanda Cunha, diretora do Serviço de Anatomia Patológica e coordenadora executiva das Jornadas. «A comissão organizadora tem sempre presente a necessidade de um programa abrangente, de modo a aglutinar na mesma sala e com o mesmo interesse, vários grupos profissionais».
Joaquim Cabeças é um dos primeiros psiquiatras portugueses com formação em psicodrama, e dinamiza o workshop pré-jornadas, na quarta-feira, às 14h30, com a colaboração de Joana Maia e Mário Simões, psiquiatras do Serviço Psiquiatria do CHL e ambos com formação e experiência em psicodrama.
O psicodrama foi criado no início do século XX, em Viena de Áustria, por Jacob Levy Moreno, que, inspirado no chamado “teatro de espontaneidade”, descobriu que a representação de uma personagem tem reflexos na própria experiência do indivíduo, e definiu o psicodrama como a ciência que explora a verdade por meios dramáticos. Assim, o método psicodramático é um método de terapia de grupo e/ou individual que se baseia no conceito de desempenho de papéis, para descobrir como a pessoa concebe os papéis sociais importantes, como atua em função deles, para a ajudar a alcançar um desempenho ajustado ao seu contexto sociocultural.
Cláudio Laureano, diretor do Serviço de Psiquiatria do CHL, explica o psicodrama como «um método de ação profunda e transformadora, que trabalha tanto as relações interpessoais como as ideologias particulares e coletivas que as sustentam. Tem uma aplicação das mais eficientes e criativas nos campos da saúde, da educação, das organizações e dos projetos sociais, utilizando a comunicação verbal e não verbal». «Historicamente, o psicodrama marca a passagem do tratamento do indivíduo isolado para o tratamento do indivíduo em grupo e, ao contrário de outras técnicas puramente verbais, faz uso do corpo humano nas suas mais variadas expressões e interações com outros corpos», acrescenta ainda.
No primeiro dia das Jornadas, quinta-feira, tem lugar às 10h30 a mesa redonda “Prevenção do cancro em perspetiva”, onde é discutido o papel dos rastreios, que nem sempre são consensuais e nem todos têm a mesma eficácia. Com moderação de Nuno Rama, o rastreio do cancro colorretal, o rastreio do cancro do colo do útero e o impacto do rastreio do cancro da mama são analisados por Fernanda Loureiro, Daniel Pereira Silva e Pinto Hespanhol, respetivamente.
A mesa intitulada “No século XXI – continuar a prevenir” tem como objetivo dar a conhecer a realidade portuguesa, enquanto um dos países do mundo com maior taxa de vacinação (superior a 95%), com doenças como o sarampo, a poliomielite, a rubéola e a difteria erradicadas nas crianças. «Este ano comemoram-se os 50 anos do Plano de Vacinação introduzido pelo Professor Arnaldo Sampaio, ao mesmo tempo que se verifica o aparecimento de movimentos antivacinação. O alargamento do plano de vacinação a outras vacinas, a outros escalões etários e a sua calendarização, são temas a discutir neste painel», explica Maria Fernanda Cunha.
“A investigação científica na Saúde” é a temática que abre o segundo dia das Jornadas, às 10h30, com a moderação de José Carlos Gomes. Américo Figueiredo fala sobre a investigação científica e o Plano Nacional de Saúde, António Jacinto retrata a investigação científica que é realizada em Portugal, e João Morais mostra a realidade do CHL, com a implementação do seu Centro de Investigação. «O conhecimento e a partilha do que se faz no campo da investigação científica no plano nacional e das oportunidades e constrangimentos que surgem nesta área, permite que a nossa comunidade científica se posicione numa plataforma competitiva com os outros centros nacionais e internacionais», justifica a coordenadora executiva das Jornadas.
O último painel dedicado à “Dor por cá”, conta com a moderação de Ana Mangas, e integra as alternativas ao tratamento clássico da dor, como a Musicoterapia e a Acupunctura, bem como analisa o papel do ReabilitaDOR. Durante as Jornadas são realizadas comunicações livres e a apresentação de posters.