«As estruturas de saúde são portas de entrada na identificação de casos de violência»
«As estruturas de saúde são portas de entrada na identificação de casos de violência», destacou Teresa Morais, Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, na sessão de abertura do IX Encontro de Enfermagem do Centro Hospitalar de Leiria, dedicado ao tema “Situações comuns, novas intervenções”. “Violência ao longo do ciclo vital” foi o mote do primeiro painel desta reunião científica, que decorreu nos dias 16 e 17 de outubro, e analisou as várias formas de agir em situações do quotidiano de quem presta cuidados de saúde.
A sessão de abertura do Encontro começou de forma descontraída, com a visualização de um vídeo, ao som da música “Happy” de Pharrell Williams, onde os protagonistas da coreografia são os colaboradores do CHL. Helder Roque, presidente do Conselho de Administração do CHL, agradeceu o trabalho da comissão organizadora do evento, que mostra uma preocupação em prestar os melhores cuidados e aposta na formação dos profissionais de saúde.
«É com grande satisfação pessoal e institucional que recebemos na nossa ”casa” a Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, que tem feito um longo e ativo percurso na vida cívica», apresentou Helder Roque. «Amiga da nossa região, a Dra. Teresa Morais visita anualmente os nossos serviços, nomeadamente as nossas crianças, o que é de louvar. Mesmo com uma agenda muito preenchida, fez questão de estar connosco para falar dos vários tipos de violência», referiu Helder Roque.
Teresa Morais afirmou que «a sensibilização e prevenção das vítimas de violência é matéria de um trabalho diário, e tem sido uma prioridade no mandato deste governo. 85% das vítimas de casos reportados às forças de segurança são mulheres». A Secretária de Estado sublinhou que há uma maior vulnerabilidade da mulher a nível de saúde, e um enorme impacto económico e social, como o absentismo laboral, as doenças e as baixas médicas. Os custos individuais e sociais para a mulher e respetiva família são muito pesados, e as consequências podem ser físicas e psicológicas, «com efeitos devastadores nas mulheres, que podem ganhar fobias, ter angústia, depressão ou tentar o suicídio», atestou Teresa Morais.
O V Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e de Género considera várias medidas de apoio na área da saúde, com estratégias no sentido da proteção das vítimas, da intervenção junto de agressores, do aprofundamento do conhecimento dos fenómenos associados, da prevenção dos mesmos e da qualificação dos profissionais envolvidos. «Muitas vezes as estruturas de saúde são o único porto de abrigo das vítimas. É fulcral a proximidade dos profissionais de saúde, que devem ter sensibilidade e estar atentos para a sinalização e denúncia de situações de violência», defendeu Teresa Morais.
A Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade ainda destacou o papel que os profissionais de saúde têm realizado na área da mutilação genital feminina, com o aumento de casos que têm sido registados na Plataforma de Dados da Saúde, em funcionamento desde março. «Com o registo de casos concretos, é possível fazer um trabalho de intervenção junto das comunidades de risco. Até agora, foram registados 34 casos de mutilação genital feminina na plataforma para a saúde, realizados fora de Portugal», registou Teresa Morais. «Este registo é fruto da concretização da pós-graduação sobre mutilação genital feminina, no ano passado, na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, com propina gratuita, frequentada por mais de 30 profissionais de saúde que deram formação aos colegas», rematou.