«Não foi ainda possível ultrapassar as carências e assimetrias evidentes no CHLP»

Helder Roque, na cerimónia que assinalou o Dia do Hospital de Santo André
 
«Não foi ainda possível ultrapassar as carências e assimetrias evidentes no CHLP», alertou Helder Roque, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Leiria-Pombal, na cerimónia que assinalou o Dia do Hospital de Santo André (HSA), a 22 de abril, e que homenageou os colaboradores da instituição. Apesar disso, Helder Roque relembrou que «os últimos anos do nosso hospital, agora centro hospitalar, foram anos de grande dinamismo, e as grandes transformações e melhorias levadas a cabo conduziram ao nosso reconhecimento público», salientando que «os êxitos que temos conseguido se devem aos nossos colaboradores, ao seu empenho, à sua disponibilidade, à sua dedicação».

A cerimónia contou com a presença de diversas personalidades da região, entre autarcas, responsáveis por instituições de ensino superior e outras entidades públicas, de Álvaro Laborinho Lúcio, juiz desembargador e recém-eleito presidente do Conselho Consultivo do CHLP, e ainda com a conferência solene, este ano da responsabilidade de Luzia Matos, técnica de diagnóstico e terapêutica do Serviço de Cardiologia. Raul Castro, presidente da Câmara Municipal de Leiria, e Laborinho Lúcio, juntaram-se a Helder Roque para atribuir os galardões aos funcionários que completaram 25 anos de serviço, e àqueles que se reformaram no último ano.

Helder Roque relevou a «perseverança e resiliência» dos colaboradores do CHLP, que num contexto adverso, conseguiram «que 2012 se constituísse como um ano brilhante e histórico na nossa instituição», relembrando «a acreditação pela Joint Commission International, o quinto lugar no ranking da Escola Nacional de Saúde Pública e Universidade Nova de Lisboa, o inquérito efetuado aos utentes, em que a qualidade do serviço prestado pelo HSA foi considerada boa ou muito boa por 91% dos doentes internados, e ainda o inquérito realizado com os nossos colaboradores, cujos resultados tão satisfatórios e nos permitem afirmar que temos todas as condições para sermos considerados uma empresa com excelência no trabalho». «Ao promover um melhor ambiente organizacional, estamos a potenciar profissionais mais empenhados no seu compromisso com os utentes, melhores cuidadores e, consequentemente, utentes mais satisfeitos».

«O CHLP não pode nem deve ficar alheio ao esforço que é feito a nível nacional, não queremos ser nenhuma exceção ao esforço de ajustamento, evidentemente, porque há muitos anos que iniciámos voluntariamente este processo», referiu o presidente do CA, «mas o que é diferente tem de ser tratado de modo diferente e temos demonstrado que somos diferentes, e não se pode transmitir ao nosso centro hospitalar e aos seus profissionais a ideia que o esforço não é recompensado e não tem consequências».

«Merecemos outras condições para desenvolver o nosso trabalho, que nos é exigido, e de legitimidade para tomar as medidas que julguemos necessárias para dotar o hospital das respostas esperadas pelos cidadãos que servimos», impondo-se, como explicou Helder Roque, «uma simplificação processual necessária para uma decisão rápida, sob risco do centro hospitalar ser forçosamente afetado pela escassez de recursos disponibilizados para o seu funcionamento, que conduzirão inevitavelmente a uma perturbação nas actividades, com repercussões negativas nos serviços prestados aos cidadãos».

«Temos sentido necessidade de respostas rápidas perante os problemas que temos pela frente, de respostas dentro dos prazos razoáveis, quando precisamos de enfrentar os entraves e resolver situações de urgência», alerta o presidente do CHLP, afirmando que «a complexidade da gestão nos dias de hoje obriga, de facto, a que tenhamos estabilidade nas regras, ausência de entraves burocráticos e que deixemos de enfrentar a lentidão processual».

Agradecendo o reconhecimento e apoio de todas as entidades presentes, Helder Roque relevou ainda que «porque a saúde é uma das principais preocupações dos cidadãos, e sem saúde nada se faz, precisamos que as nossas entidades e personalidades, a nossa sociedade civil, nos acompanhe e transmita o seu apoio, fundamental para continuarmos com esta dinâmica de desenvolvimento, que tem transformado o CHLP numa instituição respeitada na região pelos serviços que presta». Nesta mesma linha, Raul Castro salientou o «excelente trabalho do CHLP em prol de todos nós», com «atendimento profissional, conforto e segurança para os utentes, e a procura da melhoria constante dos cuidados, humanizados e individualizados».

«Devemos olhar para a Saúde como garantia da coesão social»
«Devemos olhar para a Saúde como garantia da coesão social», alertou Laborinho Lúcio na sua intervenção, e também como «função irrecusável do Estado», mantendo a matriz do Serviço Nacional de Saúde, que tem permitido aumentar a esperança de vida, diminuir a mortalidade infantil, aumentar a qualidade dos cuidados, e melhorar exponencialmente a qualidade da gestão dos serviços de Saúde. E ao falar em Saúde, salientou o presidente do Conselho Consultivo, «falamos em Saúde para todas as pessoas, utentes e colaboradores, como este centro hospitalar tem aliás relevado, e este dia é prova disso mesmo».

A dimensão dos cuidados de Saúde deve abarcar, por si só, as vertentes técnica, ética e de humanização, já que, como explicou, a humanização é inalienável dos cuidados. «É de dignidade humana que falamos, da pessoa no centro de todas as nossas preocupações», afirmou. De qualquer forma, alertou, é «necessário responsabilizar os utentes, e consciencializá-los do que é o uso correto dos serviços, e o abuso no acesso aos cuidados de Saúde».

«O CHLP deve ser olhado na região como um centro nevrálgico, um centro de dinamização em termos científicos, culturais, de solidariedade, e mesmo em termos de dinamização económica». Em termos científicos, porque estamos a falar de um centro de investigação e inovação, capaz de interagir com as instituições de ensino superior, como o Instituto Politécnico de Leiria, e criar novas técnicas e novos produtos, objeto de patente, criando assim mais-valias económicas; em termos culturais, porque é uma instituição capaz de ter um programa cultural próprio para utentes e colaboradores, em que as artes interagem com os cuidados de saúde; e de dinamização económica, porque podemos olhar para o futuro da Saúde como mais-valia económica, de pensarmos, por exemplo, nas oportunidades criadas pelo turismo da Saúde, tirando partido dos serviços de excelência do CHLP.

Leiria, 22 de abril de 2013