Pediatria do CHL candidata projeto contra a obesidade infantil à Missão Sorriso
O Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria tem mais uma vez um projeto candidato à Missão Sorriso. O PIAPACCO – Projeto de Investigação e-Ação Participativa de Adolescentes e Crianças no Combate à Obesidade está a votos no website da Missão Sorriso em: http://bit.ly/1zJNaJL.
O projeto mais votado recebe financiamento para apoiar a sua concretização. O PIAPACCO prevê a participação ativa das crianças, jovens e suas famílias, no tratamento da obesidade infantil, assim como a sua prevenção, atuando junto da comunidade e promovendo estilos de vida saudáveis.
«A obesidade infantil e juvenil é um problema de saúde pública cada vez mais frequente. A prevalência mundial dos cinco aos 17 anos estima-se em 10% para o excesso de peso e de 2-3% para a obesidade. Na Europa os números são de 24% de prevalência global para estas duas categorias; já em Portugal, num estudo publicado de 2008, o excesso de peso e a obesidade eram respetivamente de 31% e 10%», adianta Bilhota Xavier, diretor do Serviço de Pediatria do CHL, considerando estes dados alarmantes. «Importa rapidamente inverter esta tendência, quer mundial, quer na Região de Leiria, no sentido de também diminuir as doenças associadas à obesidade, e evitar que, pela primeira vez em muitos anos, a esperança de vida comece a diminuir».
Estudos realizados pelo Serviço de Pediatria do CHL identificaram, em 2006/2007, 25% de excesso de peso e obesidade em crianças dos cinco aos 12 anos, e, de 2007 a 2009, 20% excesso de peso e obesidade em adolescentes dos 10 aos 18 anos. Na Consulta Externa, entre 2006 e 2013, dos 1.129 adolescentes (dos 10 aos 18 anos) seguidos, 23% foram-no por excesso de peso e obesidade.
Perante estes dados, «lamentamos constatar que os resultados de diferentes intervenções não têm sido eficientes a médio e longo prazo, pelo que a complexidade desta realidade implica uma ação e seguimento por uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde dedicados, mas também um maior envolvimento das crianças e famílias. Isto porque as evidências científicas suportam que programas de participação de adolescentes e jovens em áreas como a promoção da saúde apresentam maiores taxas de sucesso, pelo facto de serem os participantes a elaborar o projeto com base nas suas motivações, barreiras e crenças».
Nesse sentido, a Pediatria do CHL desenvolveu o projecto PIAPACCO que pressupõe a avaliação da eficácia do programa no ambulatório hospitalar (programa de tratamento) e na comunidade (programa de prevenção e promoção de estilo de vida saudável), sendo os seus destinatários as cerca de 300 crianças e adolescentes com excesso de peso e obesidade seguidos na consulta, mas também as crianças e adolescentes das escolas da cidade de Leiria de uma forma geral, e as com excesso de peso e obesidade em particular (cerca de 10.000).
Ao nível da consulta de pediatria, o PIAPACCO compreende várias atividades além das da consulta “clássica”, como sessões em grupo com as crianças e jovens seguidos, abertas aos familiares e amigos, sobre temáticas pertinentes escolhidas pelos participantes - sob orientação dos profissionais de saúde -, podendo tomar a forma de workshops, sessões de exercício físico, jogos simulações, narrativas, campos de férias etc.; assim como o estabelecimento conjunto de um programa de tratamento.
Fora da consulta, a intervenção na comunidade pretende contribuir para a sensibilização para esta problemática e conta com o envolvimento de parceiros (como outras instituições de saúde, escolas, autarquias e outros atores). Estão previstas ações de sensibilização e a realização de rastreios em locais estratégicos na cidade de Leiria. Ao nível da comunidade escolar, prevê-se a definição e avaliação das orientações técnicas para a alimentação em ambiente escolar (bares, refeitórios, máquinas de venda automática de comida, etc.) e sua correção sempre que necessário; e a realização de um rastreio em massa dos alunos, com recurso à bioimpedância e a aplicação de questionários de frequência alimentar. Os resultados obtidos permitirão fomentar a discussão e ser o ponto de partida para organizar atividades que visem prevenir a obesidade infantil e promover futuros adultos mais saudáveis.