Dia Mundial das Leguminosas 2022

Celebra-se, no dia 10 de fevereiro de 2022, o Dia Mundial das Leguminosas. A Assembleia Geral, em 2018, designou o Dia Mundial das Leguminosas pela primeira vez, após o sucesso do Ano Internacional das Leguminosas realizado em 2016.
 
As leguminosas pertencem ao reino das plantas, família das Fabacea. Representam um grupo de alimentos que se pode dividir em duas categorias: os grãos (exemplo: feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha, fava e tremoço) e as oleaginosas (exemplo: soja e amendoim). 
 
Esta categorização influencia a composição nutricional, contudo, de uma forma geral, caracterizam-se por fornecerem um conjunto interessante de nutrientes como proteínas e hidratos de carbono, para além de fibras, vitaminas (sobretudo B) e minerais.
 
De forma a celebrar este dia, promovemos 10 informações de caráter nutricional sobre as leguminosas:
1. Apresentam naturalmente um baixo teor de gordura e não contêm colesterol, o que pode contribuir para reduzir o risco de doenças cardiovasculares;
2. Têm baixo teor em sódio;
3. São uma ótima fonte de proteína vegetal, apesar de não serem consideradas de alto valor biológico como as de origem animal, uma vez que não apresentam na sua composição todos os aminoácidos essenciais;
4. São uma boa fonte de ferro;
5. São ricas em potássio, o que ajuda na saúde do coração e desempenha um papel importante nas funções digestivas e musculares;
6. Contêm uma boa quantidade em fibra, o que lhes permite promover o controlo da saciedade;
7. São uma excelente fonte de vitaminas, principalmente do complexo B;
8. Podem ser armazenadas por um longo período de tempo e por isso podem ajudar a aumentar a diversidade das dietas, especialmente nos países em desenvolvimento;
9. São alimentos de baixo índice glicémico, uma vez que são absorvidos lentamente pelo organismo;
10. Por último, as leguminosas são naturalmente isentas de glúten, sendo uma boa opção para doentes celíacos.

 






Conteúdos desenvolvidos pela equipa da Unidade de Nutrição e Dietética do CHL
 

Artigo de opinião: O papel das leguminosas na sustentabilidade ambiental

O papel das leguminosas na sustentabilidade ambiental

A população da Terra supera os 7,7 biliões de habitantes. O crescimento mundial continua, mas as reservas do nosso planeta estão a diminuir, pelo que urge o planeamento e implementação de ações que contribuam para o crescimento sustentável da população.
 
Olhando para a população mundial e para os seus hábitos maioritários, não é difícil perceber que a quantidade de proteína animal necessária para suprir os padrões de consumo verificados é muito significativa. No que toca a Portugal, dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que, depois de um período de austeridade que fez com que o consumo nacional de carne baixasse, os portugueses voltaram novamente a apresentar consumos de carne mais elevados. No nosso país a ingestão de alimentos de origem animal (carne, pescado, ovos e laticínios) é superior ao recomendado pela Roda dos Alimentos Portuguesa, enquanto a ingestão de produtos de origem vegetal (hortícolas, fruta e leguminosas) é inferior.
 
As leguminosas referem-se a plantas cuja semente está contida no interior de uma vagem. Estas subdividem-se em: secas, que incluem o feijão, grão, lentilhas, tremoço, ervilha seca, feijoca, chícharo; e frescas, como as ervilhas e as favas. Consideram-se a soja e o amendoim como leguminosas oleaginosas. As leguminosas, de uma grande riqueza nutricional, são excelentes fornecedoras de proteínas de médio valor biológico, fibras e hidratos de carbono. Possuem baixo índice glicémico e um teor reduzido de gordura, o que lhes confere propriedades saciantes e favorecedoras de prevenção da Diabetes e o controlo do peso. Pelas suas características, são alimentos muito importantes em dietas vegetarianas, uma tendência crescente mundial. Não nos podemos esquecer de um facto: enquanto a carne, o peixe, os ovos e laticínios são fontes de proteínas completas (contêm todos os aminoácidos essenciais em quantidades similares), os alimentos de origem vegetal não fornecem proteínas completas. No entanto, de realçar, que o ser humano não precisa de todos os aminoácidos essenciais em cada alimento, em todas as refeições que ingere; precisa apenas de uma quantidade suficiente de cada aminoácido todos os dias. Para além disso, uma proteína completa pode ser atingida combinando uma dieta contendo cereais e leguminosas.
 
Estão associados às leguminosas vantagens ambientais e económicas, nomeadamente em relação à produção de proteína animal. Um meio eficaz de superar a crise global de proteínas é revelar substitutos saudáveis, acessíveis e sustentáveis de produtos de origem animal (como as proteínas de origem vegetal). Os alimentos à base de plantas, onde estão incluídas as leguminosas, têm menos efeitos ambientais adversos por unidade de peso, por porção, por unidade de energia ou de peso de proteína, que os alimentos de origem animal, em vários indicadores ambientais: reduzem a emissão de gases de efeito estufa, permitem a captação de azoto dos solos, reduzem o consumo de água e induzem uma economia de consumo de energia fóssil no sistema, graças à redução de fertilizantes azotados.

Em suma, se substituirmos algumas refeições de carne e peixe por fontes de proteína vegetais naturais, como as leguminosas, conseguimos ter um impacto enorme no nosso planeta e na preservação de recursos naturais.

Artigo elaborado por:
Ângela Carvalho
Coordenadora da Unidade de Nutrição e Dietética do Centro Hospitalar de Leiria